sexta-feira, 8 de julho de 2011

Crónica das Ferias

Crónica das Férias


FICÇÃO:

   Era sempre motivo de grande alvoroço a chegada das ferias. Deitava-se para trás das costas os livros escolares, os afazeres diários programados. Na noite que antecedia a partida, era um nunca mais acabar de juntar coisas, que iriam fazer falta na praia.
   A viagem começava cedo, para poder chegar ainda com muito sol ao Algarve. A estrada até Grândola, era penosa, por causa dos muitos camiões. Depois melhorava um pouco e era tempo de parar para almoçar. Agora que o calor aperta, o carro, já com alguma idade pede algum descanso.
   Quando deixamos para trás a serra do caldeirão, começamos a agitar-nos, e são necessárias palavras mais ríspidas par voltarmos a estar sossegados. Instalamo-nos ainda o sol estava quente, e corremos logo ao pátio da pensão ali ao lado para ir cumprimentar a amiga Maria do Rosário.
   Era uma rapariga da nossa idade, que crescera sempre ali, a mãe solteira, cozinheira e criada da pensão, nunca conheceu outro emprego. Todos os anos era assim, e assim fomos crescendo. Depois aos dezasseis anos, o meu irmão André, pediu-lhe namoro, mas ela não só não aceitou, como passou a olhar para nós com desconfiança. De nada serviu a insistência para namorar nos anos seguintes. À medida que os anos iam passando, Maria do Rosário, ia tomando o lugar da mãe, e fazendo o atendimento ao balcão.
   Passaram mais de dez anos. Todos casamos, regressava-mos sempre no Verão, e Maria do Rosário, mantinha-se no seu posto. Continuava solteira e cada vez falava menos. Cumprimentava-nos e depressa passava as suas tarefas. Ano após ano, aumentava o distanciamento e isso intrigava-me. Tenho que arranjar forma de voltar a conversar com Maria do Rosário com outrora. Numa tarde que parecia calma de clientes, ali junto ao balcão, atiro a Maria do Rosário aquela pergunta de pequena provocação.
   - Que saudades Maria do Rosário, de quando éramos garotos, e das brincadeiras desse tempo. Fiquei a aguardar a resposta. Maria do Rosário parecia que não iria responder. Ia acrescentar qualquer coisa quando ela levantou a mão e fez menção que ia falar.
   - Só tenho saudades do tempo da meninice, enquanto fui criança. Depois nunca mais tive alegria, simulava-a.
   - Agora me lembro que muitas vezes nos evitavas. Porquê Maria do Rosário?
   - Fui maltratada, negaram-me a felicidade, porque, sem ainda saber o que isso era fui violada, castraram-me. Esse homem, o patrão da pensão já morreu, mas eu já tinha morrido há muito tempo.
   Saí dali a gostar ainda mais de Maria do Rosário. Nunca disse nada a ninguém nem aos meus irmãos, não que ela mo pedisse, mas porque faria tudo para ela ser feliz, por um instante que fosse.

Válter Deusdado

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Compulsão por compras é doença e tem tratamento  

O desejo de gastar pode ser tornar incontrolável e afetar as finanças, por isso é preciso procurar ajuda

Nunca foi tão fácil comprar. Os bancos distribuem cheques e cartões com facilidade, as lojas oferecem promoções incríveis e facilidades de pagamento com parcelas a perder de vista. Também nunca houve tanta oferta de produtos na internet, na televisão, tantos lançamentos disponíveis ao consumidor.
Tanta facilidade para comprar serve como um incentivo ao consumo e pode ser uma verdadeira armadilha para os compradores compulsivos, na maioria dos casos, mulheres. São pessoas que sentem uma vontade incontrolável de comprar alguma coisa simplesmente pela vontade de adquirir, não de possuir. Outra característica do comprador compulsivo é comprar sempre um determinado tipo de objeto, como sapatos, por exemplo.
O ato de comprar dá prazer, por isso pode viciar tanto quanto o álcool ou as drogas. A pessoa tem vontade de adquirir produtos que talvez nunca vá usar, mas compra para aliviar a ansiedade e muitas vezes, basta sair da loja para sentir arrependimento e a sensação de culpa.
O comprador compulsivo também pode deixar de pagar contas e outras pendências por conta dos gastos fora do orçamento. No momento do impulso, perde-se a noção de certo e errado e, consequentemente, o controle das finanças.
O problema tem tratamento, mas é fundamental que a pessoa reconheça que está doente. O mais comum é procurar por ajuda somente quando as dívidas se acumulam e se tornam maiores que a capacidade de pagá-las.
O tratamento para a compulsão por compras pode ser feito com acompanhamento psicológico e, dependendo do caso, incluir medicamentos antidepressivos, ou a combinação das duas coisas.
Além do acompanhamento de um especialista, é importante que a pessoa receba apoio das pessoas próximas. Uma das alternativas pode ser que alguém da família ou algum amigo próximo assuma as finanças do paciente, controlando todos os gastos. Participar de grupos de auto ajuda de pessoas que têm o mesmo problema também pode ajudar.        


Enfrentando a compulsão alimentar
Quem já não teve uma vontade inexplicável de comer algo apenas por gula, que atire a primeira pedra. Usada para diminuir nossa ansiedade, cuidar da nossa TPM, da briga do namorado ou da pressão no trabalho, a comida é uma solução rápida e nada saudável para lidar com os problemas.
Antes de qualquer coisa, precisamos entender o que é compulsão e como ela funciona. Normalmente ela aparece quando alguma coisa está errada (dificuldade de relacionamento com os pais, perdas, separações, etc) e um enorme vazio se instala dentro de nós. Como essa sensação de vazio é muito ruim, nosso inconsciente acaba encontrando uma forma de aliviar nossa dor, seja através da comida, bebida, sexo, compras, drogas e etc.
O problema é que o vazio persiste e exige cada vez mais, isto é, a pessoa acaba se tornando compulsiva numa tentativa de “cobrir” esse “buraco emocional”. Infelizmente como é uma questão emocional a única solução é descobrir a causa e enfrentá-la o que muitas vezes pode ser bem difícil e doloroso, o que torna comer uma caixa de bombons no café da manhã uma tarefa mais agradável.
Então, o que fazer para combater a compulsão alimentar?
Normalmente o compulsivo é um pouco ansioso e deseja soluções rápidas, afinal existe aquele “doloroso vazio”, o que faz com que ele procure dietas milagrosas, remédios e até a cirurgia de redução de estômago.
Não sou nutricionista e nem pretendo me “intrometer” em outra área, mas todos nos sabemos que milagres não existem. Até mesmo a cirurgia de redução de estômago sem acompanhamento nutricional e psicológico pode ser um desastre. Atendi há alguns anos uma mulher obesa que após a cirurgia não havia conseguido perder o peso desejado, pois como sua fome era incontrolável ela comia por dia duas dúzias de bananas amassadas com leite condensado. O creme pastoso que se formava facilitava a ingestão, já que o estômago estava reduzido e havia maior dificuldade de se alimentar.
As histórias não inúmeras. Portanto, não adianta tentar soluções rápidas para a obesidade sem umtratamento para compulsão alimentar, pois enquanto existir o vazio haverá a compulsão. Um bom exemplo são pessoas que param de fumar e engordam, quer dizer, trocam a compulsão do cigarro pela comida. Seja qual for a compulsão (comida, álcool, jogos, etc) ele merece atenção e tratamento.
Por mais difícil que seja seu problema e por mais doloroso que seja enfrentar a compulsão alimentar, nada é mais gratificante do que cuidar e sarar as feridas do passado e assim poder seguir em frente, sem vazio, sem tristeza e sem culpa.
Pense nisso, a escolha de ser feliz está em suas mãos.

 Por Andreia Mattiuci

Psicóloga clínica especializada em psicoteria, terapia de casal e gravidez
Site: http://www.andreiamattiuci.net



Principais causas do ganho de peso nas mulheres

Alguns dos fatores que fazem o ponteiro da balança subir podem passar despercebidos, fique de olho

O ganho de peso é um dos problemas que assusta, e muito, as mulheres. Muitas das causas que fazem o ponteiro da balança subir são fáceis de ser notadas, como os problemas no funcionamento do metabolismo, disfunções hormonais, falta de exercícios, abusar dos doces, petiscar o dia inteiro, assaltar a geladeira durante a noite ou se entregar às escolhas mais pecaminosas na hora de montar o prato são alguns deles.
Porém, alguns dos fatores que tornam a perda de peso mais difícil podem passar despercebidos. Os sabotadores de dieta parecem estar em toda parte, em problemas de saúde e até no estilo de vida.
Certas doenças como hipertireoidismo, síndrome dos ovários policísticos e síndrome de Cushing podem ser responsáveis pelo ganho de peso nas mulheres. Por isso, é importante fazer visitas regulares ao médico para descobrir se algum destes problemas explica por que você está engordando demais. Caso a avaliação médica indique tais doenças, é importante manter os exames e o tratamento em dia.
A depressão é outro problema de saúde que pode fazer com que as mulheres engordem. Enquanto para algumas pessoas vivenciar situações desafiadoras significa falta de apetite, para outras pode ocorrer o oposto. O impacto emocional da depressão pode gerar um descuido com os hábitos alimentares e como consequência, o ganho de peso. O tratamento com antidepressivos pode tornar as coisas um pouco pior, já que alguns desses medicamentos alteram a taxa metabólica e levam ao consumo maior de alimentos.
Estudar ou trabalhar até tarde, esticar a balada até o dia seguinte e ir direto para o trabalho são hábitos que parecem não influenciar diretamente no seu peso, mas a falta de descanso pode sim causar estragos na dieta. Dormir pouco ou dormir mal são fatores causadores de alterações nos níveis de hormônio no corpo e que tornam maior a probabilidade de o organismo armazenar gordura.
Compor o cardápio das refeições apenas com alimentos que apresentam baixo teor de gordura não é a melhor alternativa para quem quer controlar ou perder peso. O ideal é não se restringir às gorduras saudáveis já que a deficiência de ácidos graxos também podem sabotar a perda de peso e dar preferência aos alimentos ricos em fibras, que oferecem sensação de saciedade, sem muitas calorias.
A temporada de férias, feriados prolongados e as festas de final de ano também são grandes sabotadores do peso. Isso porque a atitude de relaxar também se reflete nos hábitos alimentares e é normal baixar a guarda em situações como estas. A única maneira de não ver todo o esforço do ano todo indo embora, é ficar atenta na quantidade de comida que você coloca no prato, se policiar quanto aos excessos e não ficar parada. Mesmo no período de relaxamento, encarar uma caminhada leve só vai trazer benefícios para o seu corpo e para sua saúde.